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Diz que um leão enorme ia andando chateado, não muito rei dos animais, porque tinha acabado de brigar com a mulher e esta lhe dissera poucas e boas. ( ou seja, muitas e más).

Eis que, subitamente, o leão defronta com um pequeno rato, o ratinho mais menor que ele já tinha visto. Pisou-lhe a cauda e, enquanto o rato forçava inutilmente para escapar, o leão gritava: “Miserável criatura, ínfima, vil, torpe; não conheço na criação nada mais insignificante e nojento. Vou te deixar com vida apenas para que você possa sofrer toda a humilhação do que lhe disse, você, desgraçado, inferior, mesquinho, rato!” E soltou-o.

O rato correu o mais que pôde, mas quando já estava a salvo, gritou pro leão: “Será que Vossa Excelência poderia escrever isso pra mim? Vou me encontrar com uma lesma que eu conheço e quero repetir isso pra ela com as mesmas palavras!”

Das ‘Fábulas Fabulosas’, de Millôr Fernandes

Eu não sei, olhe, é terrível como chove. Chove o tempo todo, lá fora fechado e cinza, aqui contra a sacada com gotões coalhados e duros que fazem plaf e se esmagam como bofetadas um atrás do outro, que tédio. Agora aparece a gotinha no alto da esquadria da janela, fica tremelicando contra o céu que a esmigalha em mil brilhos apagados, vai crescendo e balouça, já vai cair e não cai, não cai ainda. Está segura com todas as unhas, não quer cair e se vê que ela se agarra com os dentes enquanto lhe cresce a barriga, já é uma gotona que pende majestosa e de repente zup, lá vai ela, plaf, desmanchada, nada, uma viscosidade no mármore.

Mas há as que se suicidam e logo se entregam, brotam na esquadria e de lá mesmo se jogam, parece-me ver a vibração do salto, suas perninhas desprendendo-se e o grito que as embriaga nesse nada do cair e aniquilar-se.

Tristes gotas, redondas gotas inocentes. Adeus gotas. Adeus. 

Esta é uma história que vem de um pequeno país da África Ocidental, Gana, narrada por um educador popular, James Aggrey, nos inícios deste século, quando se davam os embates pela descolonização. Oxalá nos faça pensar sempre a respeito.

“Era uma vez um camponês que foi à floresta vizinha apanhar um pássaro, a fim de mantê-lo cativo em casa. Conseguiu pegar um filhote de águia.

Colocou-o no galinheiro, junto às galinhas. Cresceu como uma galinha.

Depois de cinco anos esse homem recebeu em sua casa a visita de um naturalista.

Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista:

-Esse pássaro não é uma galinha. É uma águia.

-De fato, disse o homem. -É uma águia. Mas eu a criei como galinha. Ela não é mais águia. É uma galinha como as outras.

-Não, retrucou o naturalista. -Ela é e será sempre uma águia. Este coração a fará um dia voar às alturas.

-Não, insistiu o camponês. -Ela virou galinha e nunca mais voará como águia.

Então, decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia, ergue-a bem alto e, desafiando-a, disse:

-Já que você de fato é uma águia, já que pertence ao céu e não à terra, então abra suas asas e voe!

A águia ficou sentada sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá embaixo, ciscando grãos. E pulou para  junto delas.

O camponês comentou:

-Eu lhe disse. Ela virou uma simples galinha.

-Não, tornou a insistir o naturalista. -Ela é uma águia. E uma águia será sempre uma águia. Vamos experimentar novamente amanhã.

No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa.

Sussurrou-lhe:

-Águia, já que você é uma águia, abra suas asas e voe!

Mas, quando a águia viu as galinhas ciscando o chão lá embaixo, pulou e foi parar junto delas.

O camponês sorriu e voltou à carga:

-Eu havia lhe dito, ela virou galinha!

-Não, respondeu firmemente o naturalista. -Ela é águia e possui sempre o coração de águia. Vamos experimentar ainda uma última vez. Amanhã eu a farei voar.

No dia seguinte o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram a águia, levaram-na para o alto de uma montanha. O sol estava nascendo e dourava os picos das montanhas.

O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe:

-Águia, já que você é uma águia, já que pertence ao céu e não à terra, abra suas asas e voe!

A águia olhou ao redor. Tremia, como se experimentasse nova vida. Mas não voou. Então, o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, de sorte que seus olhos se enchessem de claridade e ganhassem a dimensão do vasto horizonte.

Foi quando ela abriu suas potentes asas.

 M. Caroselli

Ergueu-se, soberana, sobre si mesma. E começou a voar, voar para o alto, cada vez mais para o alto.

Voou. E nunca mais retornou.

extraído do site: http://textos_legais.sites.uol.com.br/textos_reflexao.htm, a partir de artigo de Leonardo Boff

                  Ponta da Piedade – Lagos – Algarve – Portugal

                                   LENDA DAS AMENDOEIRAS EM FLOR-

Há muitos e muitos séculos, antes de Portugal existir e quando o Al-Gharb pertencia aos árabes, reinava em Chelb, a futura Silves, o famoso e jovem rei Ibn-Almundim, que nunca tinha conhecido uma derrota. Um dia, entre os prisioneiros de uma batalha viu a linda Gilda, uma princesa loira de olhos azuis e porte altivo. Impressionado, o rei deu-lhe a liberdade, conquistou-lhe progressivamente a confiança e um dia confessou-lhe o seu amor e pediu-lhe para ser sua mulher. Foram felizes durante algum tempo, mas um dia a bela princesa do Norte caiu doente sem motivo aparente. Um velho cativo do Norte pediu para ser recebido pelo desesperado rei e revelhou-lhe que a princesa sofria de nostalgia da neve de seu país distante.

Silves Moorish Castle – Algarve – Portugal

 A solução estava ao alcance do rei mouro, pois bastaria mandar plantar por todo o seu reino muitas amendoeiras, que quando florissem as suas brancas flores dariam à princesa a ilusão da neve e ela ficaria curada de sua saudade. Na primavera seguinte, o rei levou Gilda à janela do terraço do castelo e a princesa sentiu que as suas forças regressavam ao ver aquela visão indescritível das flores brancas que se estendiam sob o seu olhar. O rei mouro e a princesa viveram longos anos de um intenso amor esperando ansiosos, ano após ano, a Primavera que trazia o maravilhoso espetáculo das amendoeiras em flor.

                      Início da Odisséia de Homero em seu idioma original

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                          Calipso pertenecia a las ninfas y era hija de Atlante y Pléyone.

Su lugar de habitación era la isla Ogigia, que se cree se hubicaba en el Mediterráneo occidental y que por lo general se identifica con la actual península de Celta, frente a Gibraltar.

Calipso, llamada por Homero ” la que oculta”, recibió hospitaliariamentea Odiseo(Ulises) cuando su nave naufragó. En la Odisea se cuenta como Calipso, enamorada profundamente de Odiseo, lo riteiene contra su voluntad en la isla durante mucho tiempo, mientras él cree que a penas son unos dias.

La cantidad de tiempo que Ulises estuvo con ella varía. Algunos apuntam que fue dies años, otros creen que siete y hay quien opina que fue un año.

A cambio de que Odiseo se quedara para siempre con ella, Calipso le ofrecia a cambio la inmortalidad. Sin embargo, Odiseo sentia la necesidad de regresar a su hogar Ítaca y al final se mantuvo inflexible.

Atenea quien protegía a  Odiseo, rogó a Zeus para que enviara a Hermes donde Calipso y le ordenara que dejara ir a Odiseo, a lo cual Zeus cedió. Aunque a ella le dolió dejar partir a su amado, cumplió la orden del dios de dioses.

Le proporcionó al héroe madera para construir una embarcación, provisiones para el viaje e indicaciones de cuales astros debia seguir para encontrar el camino a casa.

– Prometeu contar para nós – recorda Dorothy.

– Sim. Já que insistem. Sempre fui uma criatura normal, filho de um casal de lenhadores. Um dia, logo que virei rapaz, me apaixonei por uma moça muito bonita. Ela também ficou caída de amores por mim e combinamos casar o mais rápido possível. Quando ela disse à velha com quem trabalhava, que ia se casar e mudar para outra cidade, foi meu fim. Vendo que a moça ia sair de sua casa, a anciã procurou a Bruxa malvada e ofereceu duas ovelhas e uma vaca para impedir nosso casamento.

Neste ponto da história, o Homem de Lata fez uma pausa, como se estivesse colocando as idéais em ordem. E continua:

– Não deu outra. A Bruxa Malvada enfeitiçou o machado. Um dia, quando trabalhava, a ferramenta escapuliu de minhas mãos e cortou-me a perna esquerda. Tive que ir a um funileiro para me fazer outra perna. De lata, claro. Mas ficou tão boa quanto à de carne. A Bruxa, ao saber da nova perna, não se conteve. Acreditem!…Mal voltei ao trabalho, o machado decepou minha perna direita – o funileiro outra vez quebrou meu galho. Depois, fiquei sem os braços – mais uma vez o funileiro colocou em mim braços de lata.

E depois, um suspiro:

– Você acha que a Bruxa Malvada me deixou em paz?

Ele mesmo responde:

– Minha filha, a Bruxa não dava trégua. Tiririca de raiva ordenou ao machado que me arrancasse  a cabeça e partisse meu corpo em pedaços. Pela quarta vez o  bom funileiro me reconstituiu tudo em lata. Mas, para minha tristeza, não fez coração! Sem coração, perdi todo amor pela moça. Então, desmanchei o noivado.

Dorothy leva  uma das mãos à boca, admirada:

– Você perdeu uma das coisas mais importantes da vida, o amor.

O Homem de lata abaixa a cabeça.

– Você tem razão. Por outro lado, passei a sentir orgulho do meu novo corpo, resistente ao golpe do machado e, em dias de sol, brilhando que é uma beleza. Hoje, só temo a ferrugem. Por isso, ando sempre com a lata de óleo para lubrificar minhas juntas.

– Por que quer um coração?

Ora!…Pretendo me apaixonar de novo.

Dorthy, com olhos cheios de água, emociona-se com a história do Homem de Lata.

Statue of Hans Christian Andersen, Funen Island, Funen, Denmark

                                                    Recorte em papel feito por Andersen

Muitas vezes, após uma trovoada, ao passar-se por um campo de trigo mourisco pode-se ver como ficou todo chamuscado. É como se o fogo tivesse passado por elem e o camponês dá-nos a explicação seguinte: “Foi um raio!” Mas por quê?  Pois vou contar-lhes o que disse a um pardal um velho salgueiro que se encontrava perto dum campo de trigo mourisco e ainda lá está. É um salgueiro grande e venerável, mas enrugado e velho, um pouco rachado ao meio, com uma fenda  onde crescem ervas e sarças. A árvore está um pouco tombada para a frente, e os ramos pendem para o solo, como se fossem uma longa cabeleira verde.

Em toda volta havia campos de cereal, de centeio, de cevada e aveia, a bela aveia que, quando está sazonada, parece um enorme bando de pequeninos  canários pousados num ramo. Os cereais são assim uma benção de Deus e quanto mais pesados estão, mais baixo se inclinam em humildade.

Mas havia tambem um campo de trigo mourisco, bem perto do velho salgueiro, que não queria nunca inclinar-se como os outros cereais, sempre se mantinha direito, orgulhoso e altivo.

-Sou tão rico como a espiga de trigo-disse ele. – Sou, alem disso, mais bonito. As 15 minhas flores são taõ belas como as da macieira, e é um regalo olhar para mim e para minha floração. Conheces algo de mais belo, velho salgueiro? O salgueiro abanou a cabeça, como quem diz ‘pois claro que conheço’, mas o trigo mourisco inchou de orgulho e exclamou: – Árvore estúpida, tão velha estás que te crescem ervas na barriga!

Então rebentou uma terrível trovoada. Todas as flores dobraram as folhas ou inclinaram as cabeças, enquanto passava a trovoada sobre elas. Só o trigo mourisco continuava com a cabeça erguida, no seu orgulho.

– Abaixa a cabeça, como nós! – disseram as flores.

– Não tenho nenhuma necessidade disso! – respondeu o trigo mourisco.

– Anada, fecha as flores e dobra as folhas! – disse o velho salgueiro. Não olhes para cima, para os raios, quando as nuvens rebentam. Nem os próprios homens o podem fazer, pois que por eles é possível olhar para dentro do céu, mas isso é bastante para os cegar. E o que nos aconteceria a nós, plantas da terra se o ousássemos fazer, nós que somos muito menos?

– Muito menos? – disse o trigo mourisco. – Pois vou mesmo olhar para dentro do céu! E foi isso que fez, com presunção e orgulho. Caiu então uma faísca tão grande que parecia que toda a terra ardia em chamas.

Quando o mau tempo passou, sentiram-se as flores e os cereais numa atmosfera calma e pura, refrescada pela chuva. Mas o trigo mourisco ficara completmente queimado, reduzido a carvão pelo raio. Era agora uma erva inútil e morta no campo.

O velho salgueiro agitava os ramos ao vento e deixava tombar grandes gotas de água das suas folhas verdes, como se chorasse. Os pardais perguntaram-lhe:

– Por que estás a chorar? Não é tudo maravilhoso? Repara como brilha o sol e  deslizam as nuvens. Não sentes o perfume das flores e dos arbustos? Por que choras, pois, velho salgueiro?

Então  o salgueiro falou-lhes do orgulho e da presunção do trigo mourisco e do seu castigo. É sempre assim. Eu, que escrevi este conto, ouvi-o duns pardais, Contaram-mo uma tarde em que lhes pedi uma historia.

Surgidas no folclore europeu, as lendas de Natal remetem à existencia de São Nicolau.

Mesmo antes de estar relacionado com as tradições do Natal, São Nicolau era conhecido por salvar marinheiros das tempestades, defender crianças e oferecer generosos presentes aos mais pobres.

Sua figura ficou associada a um distribuidor de presentes. Os símbolos de São Nicolau são três bolas de ouro. Diz a lenda que, em uma ocasião, ele salvou da prostituição 3 filhas de um homem pobre  ao oferecer, a cada uma, um saco de ouro. Conta-se, tambem que, depois de sua morte, salvou a vida de 3 oficiais aparecendo-lhes, para isso, em sonhos.

O dia de São Nicolau era originalmente comemorado em 6 de dezembro. Contudo, após a reforma da igreja, os protestantes germânicos decidiram dar especial atenção a Chriskindl, ou seja, ao Menino jesus, transformando-O no ‘distribuidor’ de presentes e transferindo a troca de presentes para a Sua data, 25 de dezembro. Como a tradição de São Nicolau ainda prevalecia, o dia  25 fundiu as duas comemorações.

Em países como o Canadá e os Estados Unidos, o Papai Noel ainda é conhecido como Santa Claus, uma contração de ‘Santus Nicholaus’.

A familia Chi-Yen tinha um gato maravilhoso. O senhor Chi-Yen tinha por seu gato tal apreço que pensou em chamar-lhe Tigre.

Depois do almoço, quando se reuniu com seus vizinhos, falou no assunto. Ao saber disso, um vizinho fez notar: “O Tigre é, na verdade, uma criatura feroz, mas não é tão místico ou cósmico como o dragão.” Os gatos são místicos e cósmicos. devias mudar o nome do teu gato para Dragão.

Outro vizinho olhou para o gato e disse: “Sem dúvida que o dragão é mais místico que o tigre. Quando voa no céu, à maior altitude, descansa sobre uma nuvem. E isto seguramente significa que uma nuvem é mais poderosa que o dragão. Devias mudar-lhe o nome para Nuvem.”

Porem, os outros vizinhos não estavam de acordo. Estavam dispostos a defender os seus pontos de vista acerca do melhor nome para o gato do senhor Chi-Yen. Um deles disse: “Quando as nuvens escuras se apoderam do firmamento, quem as dissipa? O vento. Devias mudar o nome do gato para Vento.”

Um outro vizinho interveio: “Desde sempre, o vento é poderoso, mas quando se levanta uma tormenta de vento, onde procuramos refúgio? Por detrás dos muros de nossas casas. Os muros protegem da fúria do vento. De acordo com isso, deverias mudar o nome do gato para Muro.”

“Não, não, não, disse outro vizinho. Claro que os muros são fortes, ninguem diz que não o são, mas nem sequer os muros mais fortes podem resistir diante dos dentes roedores dos ratos. Com toda a certeza o gato deverá chamar-se Rato.”

O senhor Chi-Yen, que tinha estado a ouvir atentamente e com paciencia a todos os seus vizinhos, pôs-se de pé, de repente e, antes de sair, disse: “Agora compreendo porque o gato se chama Gato.”

Mary Magdalen Contemplating the Clown of Thorns- Michelangelo Buonarroti

Nos ensina alguma coisa sobre tolerância…

Havia um tempo em que muitos animais morriam por causa do frio. Os porcos-espinhos resolveram juntar em grupos, a fim de se agasalhar e se proteger mutuamente. Porem, os espinhos de cada um feriam os companheiros mais próximos, justamente os que ofereciam mais calor. Decidiram, então, afastar-se uns dos outros, e voltaram a morrer congelados.

Viram-se, assim, frente à uma necessidade de escolha: ou desapareceriam da Terra, ou aceitavam os espinhos dos outros companheiros. Sabiamente, decidiram voltar a ficar juntos.

Aprenderam a conviver com as pequenas feridas que a proximidade com seus iguais podia causar, já que, mais importante, era o calor do outro, essencial para a propria vida.

E sobreviveram, pois!